A direção da Cambuhy Agropecuária confirmou neste último 21 de janeiro junto à prefeito Gerolina, que seu centro operacional será instalado em Água Clara/MS. A empresa fará um aporte de R$ 1,2 bilhão para incentivar o cultivo de laranja nas áreas de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, com foco na Fazenda Sete Voltas.
A iniciativa promete gerar 1.200 empregos diretos e outros 2.400 indiretos, impulsionando o desenvolvimento econômico da região.
Depois do boom de investimentos em celulose nos últimos anos, Mato Grosso do Sul começa a viver um novo fenômeno econômico com a chegada dos investimentos em cítricos, mais especificamente em laranja. Os aportes anunciados para o setor passam de R$ 2 bilhões e são justificados por uma migração dos estados de São Paulo e Paraná para MS.
E o mais recente anúncio foi da empresa Cambuhy Agropecuária (Grupo Moreira Salles), que confirmou o investimento de R$ 1,2 bilhão no Estado, que é considerado o “novo cinturão citrícola” do Brasil.
A empresa vai iniciar o plantio de laranja ainda este ano na área que fica em Ribas do Rio Pardo, próximo ao município de Água Clara, com previsão de investir ao longo de quatro anos e meta de colher 8 milhões de caixas da fruta.
“Vamos trazer em torno de 1,2 mil empregos diretos e 2,4 mil indiretos. O que nos trouxe para cá foi o greening, que ameaça 70% da área da citricultura do estado de São Paulo. Houve uma busca por uma nova fronteira, entre Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, o novo ‘cinturão citrícola’. E a gente escolheu essa região”, explica o diretor-geral da Cambuhy Agropecuária, Alexandre Tachibana.
A expansão da citricultura no Mato Grosso do Sul, impulsionada por investimentos como o da Cambuhy Agropecuária, traz consigo efeitos significativos tanto no mercado de trabalho quanto no cenário agrícola do estado. Vamos analisar essas duas frentes mais de perto:
1. Impacto no Mercado de Trabalho:
O setor de citricultura tem o potencial de criar uma quantidade substancial de empregos diretos e indiretos. No caso do investimento da Cambuhy Agropecuária, o projeto promete gerar 1.200 postos de trabalho diretos, com outros 2.400 indiretos. Esses números indicam que, além das vagas de trabalho nas próprias fazendas e nas operações de plantio e colheita, há um forte impacto nos setores que fornecem serviços e insumos para a produção, como transporte, logística, tecnologia agrícola, e até indústrias de processamento.
Qualificação e Sustentabilidade do Emprego: A exigência de know-how na área e a necessidade de capital para implementar pomares (com investimento estimado em R$ 100 mil por hectare) indicam que o mercado de trabalho precisa estar preparado para absorver mão de obra qualificada. Isso pode demandar programas de capacitação e treinamento, especialmente para atender à demanda de técnicos e operadores especializados, o que traz um benefício adicional ao estado, com a formação de uma força de trabalho mais especializada.
2. Impacto no Cenário Agrícola:
A transição para a citricultura no Mato Grosso do Sul representa uma diversificação importante no perfil agrícola do estado, que tradicionalmente é mais voltado à produção de grãos e carnes. A chegada de novos investimentos – que totalizam mais de R$ 2 bilhões, com destaque para as iniciativas da Cutrale, Grupo Junqueira Rodas e agora Cambuhy Agropecuária – reforça o Estado como um novo polo agrícola de alta rentabilidade, conhecido por sua grande capacidade de produção de alimentos.
Mudança na Dinâmica Agrícola Local: A área dedicada à citricultura poderá alcançar 15 mil hectares, representando uma alteração significativa na paisagem e nos métodos de produção agrícola, o que exigirá novas infraestruturas de suporte, como sistemas de irrigação avançados e a integração de novas tecnologias para monitoramento da saúde das plantas e da produtividade dos pomares.
Sustentabilidade e Adaptação: Outro fator a ser destacado é a resistência da citricultura do MS às doenças que afetam outras regiões produtoras, como o greening (ou Huanglongbing), que tem devastado a produção de laranja no estado de São Paulo e no Paraná. A legislação rígida do estado e as políticas de prevenção têm sido um diferencial competitivo, atraindo os investimentos. Isso posiciona o MS não apenas como uma alternativa, mas como um novo “cinturão citrícola” no Brasil, o que garante um cenário agrícola mais resiliente e promissor.
Transformação na Indústria Agroindustrial: Com o foco em grandes volumes de produção e qualidade, espera-se que a citricultura no MS atraia também indústrias de processamento, como fábricas de suco de laranja, o que agregaria mais valor à produção local. Isso abre portas para a criação de um ecossistema industrial robusto, que não só geraria mais empregos, mas também ampliaria o impacto econômico do setor agrícola no estado.
Conclusão
Em resumo, a expansão da citricultura no Mato Grosso do Sul não só diversifica a matriz produtiva agrícola, mas também fortalece o mercado de trabalho com a criação de empregos diretos e indiretos em um setor de alta demanda e inovação. A combinação de fatores como a resistência do estado à doença greening, a chegada de capital de grandes empresas do setor e a disponibilidade de solo e clima adequados tornam o MS uma nova fronteira agrícola de alto potencial para o Brasil. Essa evolução pode posicionar o estado não só como um grande produtor de laranja, mas também como um polo de processamento e exportação, promovendo o crescimento econômico de forma sustentável e integrada.
Ass.Com/PMAC