Embargo chinês de carne brasileira não atinge plantas do MS

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) confirmou a  suspensão temporária de importação de carne bovina de três empresas brasileiras pela China.

A medida, que passa a valer nesta segunda-feira (3), não afeta o mercado sul-mato-grossense e abrange uma unidade da JBS em Mozarlândia (Goiás), uma da Frisa em Nanuque (Minas Gerais) e uma da Bon Mart em Presidente Prudente (São Paulo).

Comunicado da Administração Geral de Alfândegas chinesa relata apenas a identificação de “não conformidades” nas unidades. O Ministério da Agricultura foi avisado, entretanto, segue sem posicionamento.

Em nota, a Abiec informou que a Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) realizou auditorias remotas em três estabelecimentos exportadores de carne bovina do Brasil, dois da Argentina, Uruguai e Mongólia, este último referente às carnes bovina e ovina.

“Em todos os casos, foram identificadas não conformidades em relação aos requisitos chineses para o registro de estabelecimentos estrangeiros”, expõe em nota.

Diante do ocorrido, o GACC determinou a suspensão temporária das importações destes estabelecimentos, as empresas foram notificadas e adotam medidas corretivas para atender às exigências das autoridades chinesas, segundo a Abiec.

A associação destacou que os demais estabelecimentos habilitados operam normalmente, assegurando o fluxo das exportações de carne bovina brasileira ao mercado chinês.

A Abiec afirma ainda que, em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), segue em diálogo com as autoridades competentes “para garantir a rápida resolução da questão”.

A entidade encerra a nota dizendo que “o Brasil reafirma sua confiança na robustez do controle sanitário nacional, conduzido pelo Mapa, e segue trabalhando ativamente para solucionar os questionamentos apresentados com celeridade, garantindo a segurança e qualidade da carne bovina exportada”. Procurada, a JBS afirmou que, por ser um tema setorial, o assunto está sendo tratado pela Abiec.

Exportação local em números
A China já era o principal destino de exportação da produção sul-mato-grossense, mas ampliou a participação de 42,4% para 47,8% no intervalo de um ano, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Em relação ao montante negociado, a alta foi de 4,7%. De janeiro à maio de 2023 foram negociados R$ 10,213 bilhões (US$ 1,874 bilhão) com o país asiático, já nos cinco primeiros meses de 2024 o montante passou a R$ 10,687 bilhões (US$ 1,961 bilhão).

O aumento em quantidade de produtos enviados ao mercado exterior foi expressivo de 23,83% no mesmo período. Nos primeiros cinco meses do ano passado, Mato Grosso do Sul enviou 3,694 milhões de toneladas à China, enquanto no mesmo período de 2024 foram 4,574 milhões de toneladas comercializadas com o país.

A diversificação dos produtos exportados explica o sucesso das vendas externas neste ano, mesmo em um período de preços das principais commoditties, como a soja, o milho e a carne bovina, em baixa no mercado internacional.

Outro fator que ajudou a ampliar a participação chinesa na balança comercial de Mato Grosso do Sul foi a ampliação da habilitação de plantas frigoríficas aptas a comercializar carne bovina para o país. Conforme publicado pelo Correio do Estado em março do ano passado, a China habilitou 38 novos frigoríficos e entre eles cinco de MS.

O Estado foi o que mais se beneficiou das novas habilitações entre todas as unidades da federação, afirmou o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Roberto Perosa, à época.

“Mato Grosso do Sul antes tinha, do seu rebanho e dos seus frigorificos “sifados”, 11% de capacidade do abate para ser exportado para a China. Isso [porcentual] está passando para 57%. Isso é um incremento gigantesco nas possibilidades de exportação do MS, e por isso também ele foi o Estado que mais cresceu”, disse.

*Saiba
Em março do ano passado, cinco frigoríficos de Mato Grosso do Sul foram habilitados para exportar carnes à China.
Na ocasião, o anúncio foi feito pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) nesta terça-feira (12), após comunicado da Administração-Geral de Aduanas da China (GACC).

Todos os habilitados são responsáveis por abate bovinos:

Prima Foods S.A – Cassilândia
Marfrig Global Foods S.A – Bataguassu
JBS S.A – Campo Grande
Boibras Indústria e Comércio de Carnes e Sub-produtos Ltda. – São Gabriel do Oeste
JBS S. A – Naviraí

 

 

Abiec

 

 

*Colaborou Súzan Benites

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *