A megaoperação do Ministério Público de São Paulo contra esquema de lavagem de dinheiro do PCC apontou que a Copape Produtos de Petróleo Ltda é uma das principais empresas utilizadas pela facção.
Trata-se de uma das principais formuladoras de combustíveis do país para os chamados ‘postos de bandeira branca’, que não estão ligados com nenhuma grande distribuidora. A matriz da Copape é uma sala em edifício de luxo, no bairro Santa Fé, em Campo Grande, conforme a Receita Federal. Inclusive, o local foi alvo de buscas e apreensões na quinta-feira (28), durante a Operação Carbono, da Polícia Federal.
Dados oficiais mostram que os proprietários da empresa são Renato Steinle de Camargo e Control Participações Ltda, mas que o verdadeiro dono seria Mohamad Hussein Mourad, o “Primo”, e principal alvo das autoridades.
Conforme relatório de investigação, ao qual a reportagem teve acesso, a empresa e a distribuidora Aster eram os principais instrumentos utilizados pelo PCC para praticar crimes como lavagem de dinheiro e sonegação de impostos, em todo o setor de combustíveis, o que resultou emfraudes estimadas em R$ 8,4 bilhões.
Reportagem do Jornal Midiamax já revelou que a facção criminosa tinha 7 distribuidoras de combustíveis em Mato Grosso do Sul, com administrador irmão do chefe do PCC — o ‘Primo’.
O esquema era tão complexo, que envolviadesde usinas de cana-de-açúcar até conveniências em postos de combustíveis, em rede interligada em oito estados brasileiros. Tudo seria chefiado por Mourad.
A aquisição da Copape, juntamente da Aster, por Mourad e Renato, envolveu a quantia de R$ 52 milhões, no ano de 2020.
Apesar de as operações da Copape se concentrarem em Guarulhos, o cadastro do CNPJ na Receita Federal revela que a sede fica em edifício em Campo Grande, sendo a unidade de SP uma filial.

Além da Copape, a Gasp Participações em Investimentos — também registrada em nome de Renato Camargo —, com sede na Rua da Paz, Jardim dos Estados, foi alvo de buscas em Campo Grande.
Compra foi fundamental
Para os investigadores, Renato foi apenas a “pessoa interposta para a aquisição da Copape e Aster”, já que tudo seria chefiado por Mourad.
Para o MP, a compra da formuladora Copape e da Aster foi fundamental para que o PCC começasse a atuar ‘em toda a cadeia produtiva’ dos combustíveis.

Em crise
No entanto, no ano passado, o grupo Copape/Aster teve licença de operação cassada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), após encontrar diversas irregularidades.
Antes, o grupo já havia sido investigado por fraude fiscal, quando foi apontado por sonegar cerca de R$ 1 bilhão em impostos pelo MPSP, e, também, por ligações com o PCC. Tudo consta no bojo da Operação Cassiopeia, deflagrada em 2023.
Então, a estratégia das empresas foi entrar com pedido de recuperação judicial, para tentar reverter a cassação da licença de operação. No pedido, o grupo alegou dívida de R$ 830 milhões.
Conforme as investigações, a Copape importava gasolina do tipo A como se fosse nafta (matéria-prima), diminuindo a base de cálculo de tributos. A importação era feita através do Tocantins, por outra empresa importadora.
mdx